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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amamentação - Como foi comigo...



Quando eu via as campanhas sobre amamentação imaginava o quanto era um momento lindo, prazeroso. Era um momento muuuito esperado por mim! Eu só não imaginava que podia não ser assim... Algumas amigas tinham comentado sobre fissuras nos mamilos, mas juro que achei que seria apenas uma dorzinha e pronto!
 Durante a gestação, a Dra. Janaína orientou que eu tomasse sol nos mamilos, mas moro em um apartamento que não pega sol e não pude seguir o recomendado. Outra orientação importante foi de não utilizar sabonete e nem cremes (hidratantes ou para prevenir estrias) nos mamilos (esta eu segui à risca!). Assim a pele não ficaria tão sensível e aos poucos estaria mais grossa e resistente para a amamentação.
Amamentei umas duas horas após o parto. É importante colocar o bebê para sugar no seio o mais breve possível, para que a produção de leite seja estimulada! Assim o leite chega logo e não é preciso dar leite complementar. No comecinho, só sai colostro (é suficiente para alimentar o bebê) e é normal achar que nem tem leite, mas tem sim, viu?! Meu filho “pegou” o seio de primeira! Ele sugava com tanta força (brinco que ele parecia um aspirador de pó) que, no dia seguinte, comecei a perceber que meu mamilo estava ficando bem vermelho, mas eu não sentia dor. O colostro saía bastante, continuei amamentando e logo fomos para casa.
Ao final do terceiro dia, após o parto, entrei na fase da “apojadura”, é quando o leite vem com força total. Dá uma sensação estranha e eu conseguia sentir o leite “descendo” e enchendo meu peito. Ele começa a vir bem amarelado e depois de uns dias fica branco mesmo. Essa foi uma fase difícil porque eu não sabia várias coisas... Assim que começa a apojadura,  não deve-se tomar banho morno ou se for preciso, toma-se de costas sem molhar muito os seios. A água quente estimula a produção de leite e quando o peito fica cheio demais o leite empedra e dá dor, febre e calafrios.
Felipe mamava bastante, mas mesmo assim meu peito continuava cheio e o leite ficava pingando. Continuei amamentando sob livre demanda, mas achava muito difícil entender quando ele queria mamar. Se ele chorasse e não estivesse sujo com frio ou calor (sentia a pele do peito e da nuca dele para ver se estava quentinha ou fria), e já tivesse dormido há pouco tempo, eu tentava amamentar. Com pouco tempo fui reconhecendo os choros e aí deu para organizar melhor os horários. Foi melhor assim, menos cobrança de horário e tivemos tempo de nos entender melhor!
Era muuuuito leite! Usei absorventes de seios para evitar sujar as roupas, mas muitas vezes, antes da mamada seguinte já precisavam ser trocados. Acordei, na manhã seguinte com a roupa e os lençóis molhados de leite!!! À tarde comecei a sentir-me febril e com os seios doendo muito. Parecia que tinham espinhos nele e antes do anoitecer, eles estavam duros demais. O leite estava “empedrado” no meu peito e meus mamilos tão feridos que estavam sangrando!!! Tentei fazer massagens, mas doíam demais! A professora do programa de exercícios para gestante, Dani Rico (outro anjo em minha vida!), indicou-me uma enfermeira, especialista em aleitamento, que vinha em casa poderia ajudar-me!
A enfermeira chegou após o jantar e eu já estava com calafrios... Ela examinou meus seios e orientou-me a não utilizar absorventes até meu seio cicatrizar, usar um óleo com ácidos graxos e deixar os mamilos expostos ao ar para auxiliar na cicatrização. Após as mamadas, eu deveria também deixar um pouco de leite nos mamilos e usar um secador até o leite secar sobre o mamilo. Outra dica, fundamental, foi a que eu deveria esvaziar meu peito após cada mamada. Eu deveria fazer a “ordenha” sempre! Eu não ordenhava porque achava que podia não ter leite na mamada seguinte e que não era tão fundamental assim. Após as orientações ela começou a massagear meus seios e a ordenhar. Como o leite estava empedrado, confesso que doeu absurdamente! Fazia muito frio naquela noite, mas fiquei com a roupa molhada de suor! Depois desse sufoco, ordenhava a cada mamada, até durante a madrugada! Minhas mãos doíam de tanto que eu ordenhava. O leite ordenhado eu juntava para doação.
Comecei oferecendo, para a mamada, um peito por vez, mas na consulta com pediatra, quando Felipe tinha sete dias, falei que meu mamilo estava muito ferido e ele orientou-me a oferecer um peito por 10 minutos e, em seguida, oferecer o outro. Na mamada seguinte, eu deveria iniciar a amamentação pelo último peito mamado. Essa mudança ajudou-me demais. Quando o Felipe começava a mamar, ele sugava com muita força, então ele ficava só 10 minutinhos. Quando a “voracidade” diminuía, era o momento de mudar de seio, então ele ficava até sentir-se saciado. Por mamar com menos força, não doía e eu agüentava que ele mamasse o tempo que quisesse.
A posição do bebê e o encaixe perfeito da boquinha no seio também são importantes para não machucar o seio e o bebê não engolir ar. Quando ele engole ar, pode favorecer o regurgitamento (gorfadas) ou deixá-lo cheio de gases.
Com o seio machucado, eu chorava muito a cada mamada e torcia para que os minutos passem voando... Era muita dor e um remorso absurdo por não sentir prazer nenhum naquele momento. Eu sabia da importância da amamentação e sempre quis o melhor para meu filho, então nunca deixei de amamentar. Graças à Deus e à ajuda de muita gente superamos esse período e Felipe continuou tendo o melhor leitinho do mundo, o da mamãe!
A dor passou cerca de um mês após o parto e hoje amamentar é uma delícia, juro!!! É a melhor sensação do mundo, ter meu bebezinho nos meus braços, mamando e olhando bem no fundinho dos meus olhos... De vez em quando ele ainda para e dá um sorrisinho!!!! Derreto-me toda! Depois o coloco no ombro, para arrotar, e fico sentindo o cheirinho delicioso dele!
Por volta do segundo para o terceiro mês, o leite foi reduzindo e meu peito enchia só o suficiente para alimentar Felipe. Assim eu não precisava mais ordenhar! Os absorventes não eram tão necessários e eu poderia usá-los somente à noite e para sair.
            Para evitar o que aconteceu comigo, sugiro que se vocês sentirem o peito enchendo, ficando maior e às vezes até mais quente e está longe da hora da mamada ou é de madrugada, é hora de esvaziar um pouco o seio. Eu não fazia porque tinha medo de faltar leite para o Felipe e isso ajudou a empedrar meu peito. É bom sempre ficar tirando o excesso, logo após a mamada, até não sair mais uns esguichos... Antes de o bebê sentir fome, seu peito estará cheio de novo. Esta rotina nos deixa cansada, mas com uns dois meses o seu corpo vai normalizar a produção e não será preciso ficar "ordenhando" (esvaziando o peito) sempre. Quando estiver perto do bebê nascer, liga para os bombeiros ou banco de leite das maternidades e pede para eles uns frascos para coleta de leite materno para fazer doação. O leite em excesso, pode ser doado e ajuda muito os bebês das UTIs neo natal dos hospitais!
Se mesmo assim você sentir uns carocinhos no peito, faça umas massagens circulares em cima do peito e aperta para sair um pouco do leite, até você sentir seu peito ficar molinho de novo. Assim você desimpedra o leite e não sente dor!
Compre vários soutiens de amamentar porque às vezes eles gorfam ou então o leite escorre e se você não trocar, passa o dia cheirando a leite...rs Uso absorventes para seios, e  troco várias vezes no dia, para evitar a proliferação de fungos que podem causar sapinho (cândida). Se ele está molhado e mais pesadinho, pode trocar. No primeiro mês, eu trocava a cada mamada! Agora uso uns 3 por dia e Felipe nunca teve sapinho (manchinhas brancas na língua).
            No mercado tem umas conchas de amamentação... eu comprei e não gostei. Elas apertam o mamilo e fica o tempo todo saindo leite. Eu ia ao banheiro em menos de 5 minutos para esvaziar! Sem contar que elas vazavam se eu me mexesse muito... Um saco! Usei 2 dias e depois que a enfermeira me ensinou a esvaziar o peito e nem precisei mais. Se você conseguir esvaziar o peito com frequência, ela não é necessária.
            Não faço higiene da boca do Felipe, porque o pediatra disse que só é necessário quando os dentinhos começarem a nascer. Limpar antes retira a proteção natural da boca e aí pode dar sapinho. Muitos falam que se deve fazer antes, mas como Felipe gorfa muito, se eu tocar na língua dele, não sobra nada na barriguinha...
           As campanhas de aleitamento deveriam mostrar que nem sempre é maravilhoso desde o começo, mas mesmo com toda a dificuldade, vale à pena continuar tentando. As mães não devem ter vergonha de dizer que está sendo desconfortável ou doloroso. Deve-se pedir ajuda e os que estão em volta não devem menosprezar as sensações ruins que a mulher está sentindo. É terrível ouvir “isso não é nada”, “comigo foi bem pior” ou “deixa de exagero que não deve doer tanto assim”... É um processo de adaptação para mãe e bebê! Ainda assim algumas mulheres não conseguem amamentar, mas o importante é que elas tentaram e não devem ter culpa por não terem conseguido.

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